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Saúde do Trabalhador

27 de setembro de 2024 

Como foi a pandemia para quem trabalhava no serviço funerário da cidade de São Paulo, a maior do país e também a que concentrou o maior número de mortes? E os imigrantes que tentavam uma vida melhor num país distante do seu, com uma língua e cultura diferentes, em um momento político e sanitário difícil? Estes e também os demais trabalhadores em serviços considerados essenciais foram o foco do projeto de pesquisa DOSSIÊ COVID-19 Como Doença Relacionada ao Trabalho, realizada entre os anos de 2020 e 2022 por um grupo de 28 pesquisadores, com o apoio e a parceria de 43 sindicatos e federações, e que tem os primeiros dados publicados este mês.

IWL publica os primeiros resultados da pesquisa COVID RELACIONADA AO TRABALHO 

Liderada pela médica Maria Maeno, coordenadora do Grupo Saúde do Trabalhador do Instituto Walter Leser da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (IWL-FESPSP) (IWL-FEPSP) e pesquisadora da Fundacentro, a pesquisa investigou as condições de trabalho e saúde das pessoas que se viram obrigados a se expor ao vírus, por estarem ocupados em uma atividade essencial ou por condições precárias de trabalho e de vida. Segundo o IBGE, em 2022 esse grupo somava 96,7 milhões de pessoas.

  Além do comportamento do vírus, que apresentava disseminação agressiva, havia a condição de vulnerabilidade econômica de parte expressiva da população desde antes da eclosão da pandemia. Para esse grupo o auxílio do governo não chegou, ou chegou muito tarde, o que impeliu essas pessoas a sairem de casa em busca de subsistência. “Tudo isso em uma realidade sem precedentes, tanto do ponto de vista sanitário quanto político, quando ignoravam as mortes, os casos graves e as aglomerações facilitadas pelas atividades de trabalho que contribuíram para a rápida e avassaladora disseminação do vírus”, escreve Maria Maeno, coordenadora da pesquisa e do GT Saúde do Trabalhador. Os relatórios serão publicados em fascículos virtuais, no formato PDF e com distribuição gratuíta, cada um

destacando uma categoria de trabalhadores/as. Os dois primeiros fascículos contemplam as pesquisas realizadas junto aos dois grupos mais vulneráveis entre os investigados: os imigrantes, que ficaram à margem e tiveram dificuldades inclusive no atendimento médico, e o pessoal do serviço funerário, na época ainda  sob controle do poder público, ainda que com parte de suas atividades terceirizadas.

  O objetivo do DOSSIÊ COVID-19 Como Doença Relacionada ao Trabalho é lançar luz sobre a realidade dos trabalhadores e trabalhadoras presenciais durante a pandemia, evidenciando as situações com maior potencial de contágio para ajudar no estabelecimento de nexo causal da doença com o trabalho. Com as informações levantadas e que começam a ser apresentadas agora de forma organizada nos fascículos, os pesquisadores esperam subsidiar a elaboração de respostas a serem adotadas agilmente em cenários pandêmicos, ajudar no reconhecimento de seus múltiplos prismas e formas de vulnerabilização das populações, dos diversos caminhos de exposição e efeitos na saúde e na vida.  

  A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Relatório de Pesquisa

Fascículo 1
Dossiê COVID 19 Como Doença Relacionada

ao Trabalho
TRABALHADORAS(ES) IMIGRANTES NA CIDADE DE SÃO PAULO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Karina Quintanilha e Ana Lídia Aguiar

Relatório de Pesquisa

Fascículo 2
Dossiê COVID 19 Como Doença Relacionada ao Trabalho

PESQUISA QUALITATIVA NO SERVIÇO FUNERÁRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Carolina de Moura Grando, Renata Paparelli, Luci Praun e Vera Lúcia Salerno

Este fascículo traz relatos de quatro mulheres e dois homens, imigrantes e refugiados provenientes da Bolívia, do Haiti e da República Dominicana do Congo, e que eram trabalhadores informais na indústria de confecções, em cozinhas, no comércio popular como ambulantes e em casas de família como empregadas domésticas. Levando em consideração os desafios colocados pela diversidade laboral, linguística, cultural e de origem de cada uma das pessoas entrevistadas, as pesquisadoras procuraram examinar os fatores das desigualdades socioeconômicas, raciais e de gênero associados com a condição migratória, que contribuíram para o agravamento de sistemáticas violações de direitos e dos impactos da crise pandêmica nas condições de trabalho. O estudo também investiga e analisa as estratégias adotadas pelos entrevistados para a luta por direitos e antirracista no período analisado.

A cidade de São Paulo bateu recordes sequenciais de óbitos e sepultamentos durante a pandemia, particularmente em 2021, o que obrigou, em alguns momentos, a instituição de turnos de trabalho noturnos em pelo menos um dos cemitérios municipais, o de Vila Formosa. Esse aumento brutal de trabalho atingiu trabalhadores que desempenhavam suas atividades de forma precária, em um contexto de ausência de reposição do quadro de concursados, intensificação da terceirização e baixo acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Um contexto que, pouco tempo depois, se revelaria ser de pré-privatização. Essa precariedade teria seus efeitos muito ampliados na pandemia, já que tratava-se de ambientes com grande circulação de pessoas infectadas e, portanto, de maior circulação do vírus. A pesquisa investigou esses efeitos e a sua relação com a pandemia.

DOSSIÊ Covid no Trabalho

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